terça-feira, 24 de agosto de 2010

Fandango caiçara: patrimônio cultural brasileiro?

Por Ricardo Duran e Elaine Marques O fandango caiçara passa pelas últimas etapas para ser reconhecido e receber o título de “Patrimônio Imaterial Brasileiro” junto ao IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Esse título de patrimônio imaterial é um reconhecimento do valor que essa manifestação apresenta no cenário nacional e uma forma de garantir com que continue presente nas comunidades onde ocorre e que receba apoio através de políticas públicas específicas. Entre as manifestações culturais que já conseguiram ser registradas estão a capoeira, o samba de roda e o frevo, entre outras. O pedido de registro foi encaminhado durante o “II Encontro de Fandango e Cultura Caiçara”, que ocorreu na cidade de Guaraqueçaba/PR em julho de 2008. Juntamente ao pedido foi enviado um extenso material já produzido sobre o fandango, como por exemplo, os livros “Museu Vivo do Fandango” e “Saberes Caiçaras”. O registro é uma ajuda importante na discussão problemática entre legislação ambiental e permanência das comunidades tradicionais em áreas protegidas, pois funcionaria como uma alavanca para a cultura caiçara da região, fortalecendo a continuidade de suas práticas e celebrações passadas por gerações, sem ter que duelar com a legislação ambiental atual. O registro também auxiliaria na divulgação nacional e internacional do fandango caiçara da forma como realmente é feito, ou seja, respeitando os motivos e ocasiões nos quais se toca, dança e se festeja com fandango. Uma nova etapa neste processo de reconhecimento aconteceu em Cananéia nos dias seis, sete e oito de agosto na sede do Ponto de Cultura “Caiçaras”. A reunião foi aberta a toda comunidade interessada, onde se discutiu a quantas anda esse pedido de registro e também onde será apresentado parte do material audiovisual coletado no mutirão de varação da canoa, realizado no Ariri. De acordo com o fandangueiro e artesão, integrante do Grupo de Fandango Batido São Gonçalo e presidente da ACUCA – Associação de Cultura Cananéia, José Fermino Marques, o encontro contou com cerca de 30 pessoas, vindas dos diversos bairros urbanos e rurais de Cananéia, Iguape e Juréia em São Paulo, representantes de Superagui, Morretes, Guaraqueçaba e Paranaguá no Estado do Paraná, além de membros da Associação Caburé/RJ, possibilitando, além da discussão sobre o processo de tombamento do fandango como patrimônio imaterial, a elaboração de um plano de salvaguarda e o mapeamento das comunidades que integram o fandango caiçara; o intercâmbio entre os fandangueiros, a interação dos problemas das comunidades e o reencontro de amigos, através do objetivo de preservar o fandango caiçara. Além disso, foi discutida a realização do 3º Encontro de Fandangueiros, que será realizado em 2011 no Pontão de Cultura em Guaraqueçaba/PR. Agradecimentos Ao Seu Zé Pereira por sua coragem, resistência e fé, a Lúcia D. Souza pela parceria e apoio geral, a todos os fandangueiros e a todas as fandangueiras pela sua música e alegria, a todas as cozinheiras que capricharam no preparo da comida, a todas as pessoas e a todos os comércios que colaboraram com a arrecadação para a compra da alimentação do mutirão, a toda nossa equipe de trabalho que dá trabalho, mas trabalha bem e a toda Comunidade do Ariri que nos recebeu com alegria, carinho, respeito e amizade. Parabéns a todos e a todas! A cultura caiçara vive dentro de cada um de nós...

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