A atividade contou com a presença de fandangueiros de
Peruíbe e Cananéia
Por
Catharina Apolinário
No dia
dois de junho aconteceu em Santos o primeiro Pixerum: intercâmbio entre as
comunidades caiçaras, com foco na região da Baixada Santista. A atividade foi
contemplada pelo projeto Laboratório de Inovação Cidadã do Instituto Procomum,
LABXS. Sendo selecionada dentre mais de 100 propostas. A atividade começou na
Ilha Diana com um bate papo que reuniu cerca de 40 pessoas, dentre as quais 30,
nunca haviam visitado aquela comunidade. Dando sequência à atividade, no bairro
Caruara aconteceu um baile de fandango com exposição de produtos criativos da
cultura caiçara. “O objetivo da atividade é aproximar as comunidades caiçaras”,
explica a idealizadora do projeto, a jornalista caiçara Catharina Apolinário.
Para Catharina, caiçara de ancestralidade, de família de Ilhabela e São
Sebastião, o diálogo entre as comunidades potencializa suas relações e faz
crescer a rede de colaboração destas pessoas que buscam salvaguardar a cultura
caiçara. “Quando nos conhecemos e nos apoiamos temos mais força. Surgem
soluções para problemas semelhantes, descobrimos novos caminhos e mais, criamos
uma relação de afeto entre as comunidades que formam esse cinturão caiçara
definido por pesquisadores, que vai de Santa Catarina ao Rio de Janeiro”. Para
o fandangueiro Mauricio Lima, do Manema, a maior recompensa é poder levar sua
cultura a outras comunidades. “Levar o fandango nas comunidades é motivo de
aprendizado, a gente vê os problemas de vivência do pessoal, as dificuldades
para se locomover e o que vivem, não é fácil. Para mim é motivo de orgulho”,
afirmou. A cobertura da atividade será feita pelos alunos do Grêmio Estudantil
da Escola Estadual Judoca Ricardo Sampaio, que realizaram uma oficina de
fotomobile e acompanharam as atividades. No domingo, após a realização das
atividades abertas ao público propostas, o grupo almoçou junto e participou de
atividade com jovens da escola, do programa Escola da Família. “Meu avô é de
Paraty, mas eu nunca havia ouvido fandango, apenas ouvi falar dos bailes de
antigamente”, comentou Alex, ex-aluno do Judoca. Os alunos e ex-alunos puderam
ver os instrumentos, conversar sobre ancestralidade, ouvir o fandango e até
fazer um funk, acompanhados de viola caiçara sobre o tema. Isso sim é
intercambiar. O grêmio realizará um jornal mural com as matérias produzidas.
Ilha Diana Na comunidade da Ilha Diana, bairro em Santos que abriga muitas
pessoas de origem do Vale do Ribeira, houve uma roda de conversa sobre
identidade, cultura caiçara e sobre o fandango, com apresentação dos
instrumentos utilizados para tocada e ainda um café especial feito pelas
mulheres do bairro, com croquetes de camarão, suco de frutas locais e bolos. Ao
chegar na Ilha Diana os fandangueiros do grupo Manema, de Peruíbe, ficaram
impressionados com o número de moradores do Vale do Ribeira e a identidade da
cultura da Ilha Diana com a região. “Agora entendo porque viemos para cá”,
afirmou o Buda, tocador de adufo, ao conhecer o Seu Adriano, “prefeito” da Ilha
Diana. Diversos participantes usaram a palavra para falar sobre demandas da
cultura caiçara e das populações, como a professora Mônica Viana, da UniSantos
– Universidade Católica de Santos, que contou sobre o trabalho do Observa BS,
realizado em conjunto com a comunidade, para garantir o direito das famílias ao
território em que vivem. Também a dona Terezinha, moradora do bairro, contou
sobre as dificuldades enfrentadas para manutenção da cultura e atendimento das
necessidades básicas dos moradores locais. Patrícia Santos contou sobre o
trabalho da ONG Vida Caiçara, que realiza um trabalho de turismo de base
comunitária com mulheres e jovens da comunidade. Em Caruara aconteceu o Baile
de Fandango na Sede Esportiva do bairro. Toda a decoração e comidinhas
deliciosas foram preparadas pelas mulheres da Associação de Mulheres pelo
Desenvolvimento Sustentável da Área Continental de Santos (MUDECOM), que faz
parte do TBC Caruara, grupo que realiza o turismo de base comunitária no
bairro, que tem como ponto forte a gastronomia. No menu, degustação de pastéis
de taioba, bolinhos de taioba e salada quilombola – feita com o coração da
bananeira. Além disso, doces caiçaras, balas, licores e caldo verde com taioba
foram vendidos e aprovados por quem experimentou. Levando o fandango o grupo
Manema, com a participação dos fandangueiros de Cananéia. O músico Rodolfo
Vidal, que realiza um projeto de mapeamento da viola caiçara, trouxe ainda a
degustação dos Defumados Caiçaras – tainha e bagre defumados de Cananéia. Na
mala da comitiva de Cananéia artesanato e garrafadas de cataia preparadas por
Amir Oliveira e Zé Marques. Sensação da atividade, o aniversariante da noite,
Seu Jorge, teve bolo e parabéns ao som da viola iguapeana, enquanto o baile
comia solto. Para o TBC Caruara a atividade abre um novo leque, aproximando as
pessoas que participam do projeto – muitas de Ubatuba e Paraty – de outras
comunidades que mantêm saberes e fazeres caiçaras, possibilitando a troca de
conhecimento e apoio mútuo. Como afirma Lygia Maria Mesquita, moradora do
bairro há 32 anos. “Para o TBC é importante, pois é o resgate da cultura
caiçara e trazendo, ao mesmo tempo, o turista para o bairro. Acho que é muito
positivo e abre caminhos importantes como opção de trabalho. Tanto o TBC como a
MUDECOM estão abrindo esse espaço e agora encontram apoio neste Pixerum”.
Um novo Pixerum: A atividade realizada só foi
possível por conta da ajuda de patrocinadores como o Instituto Procomum, a Nita
e o apoio de empresas e instituições como a GG Publicidade (Ilhabela – artes e
identidade visual), Dazói Brindes Personalizados (cartazes), Caiçara Expedições
(apoio institucional e de divulgação), Parceiros do Turismo (apoio na produção
e execução), TBC Caruara (MUDECOM – gastronomia, decoração e feira de
artesanato), Defumado Caiçara (Cananéia), Prefeitura de Santos (local e
transporte), Prefeitura de Peruíbe e a Comissão Especial de Estudos da Cultura Caiçara
e Indígena da Câmara de Peruíbe (transporte), Projeto Luzes da Vila
(participação nas atividades). Para realizações de novas edições ainda buscamos
parceiros que desejam patrocinar esta iniciativa, enquanto buscamos recursos
através de editais e lei de incentivo. Quer fazer parte deste Pixerum? Entre em
contato com a gente através do telefone (13) 99152-6970 (Catharina Apolinário).