quarta-feira, 27 de junho de 2018

Pixerum celebra a cultura Caiçara na Área Continental de Santos





A atividade contou com a presença de fandangueiros de Peruíbe e Cananéia

Por Catharina Apolinário

 No dia dois de junho aconteceu em Santos o primeiro Pixerum: intercâmbio entre as comunidades caiçaras, com foco na região da Baixada Santista. A atividade foi contemplada pelo projeto Laboratório de Inovação Cidadã do Instituto Procomum, LABXS. Sendo selecionada dentre mais de 100 propostas. A atividade começou na Ilha Diana com um bate papo que reuniu cerca de 40 pessoas, dentre as quais 30, nunca haviam visitado aquela comunidade. Dando sequência à atividade, no bairro Caruara aconteceu um baile de fandango com exposição de produtos criativos da cultura caiçara. “O objetivo da atividade é aproximar as comunidades caiçaras”, explica a idealizadora do projeto, a jornalista caiçara Catharina Apolinário. Para Catharina, caiçara de ancestralidade, de família de Ilhabela e São Sebastião, o diálogo entre as comunidades potencializa suas relações e faz crescer a rede de colaboração destas pessoas que buscam salvaguardar a cultura caiçara. “Quando nos conhecemos e nos apoiamos temos mais força. Surgem soluções para problemas semelhantes, descobrimos novos caminhos e mais, criamos uma relação de afeto entre as comunidades que formam esse cinturão caiçara definido por pesquisadores, que vai de Santa Catarina ao Rio de Janeiro”. Para o fandangueiro Mauricio Lima, do Manema, a maior recompensa é poder levar sua cultura a outras comunidades. “Levar o fandango nas comunidades é motivo de aprendizado, a gente vê os problemas de vivência do pessoal, as dificuldades para se locomover e o que vivem, não é fácil. Para mim é motivo de orgulho”, afirmou. A cobertura da atividade será feita pelos alunos do Grêmio Estudantil da Escola Estadual Judoca Ricardo Sampaio, que realizaram uma oficina de fotomobile e acompanharam as atividades. No domingo, após a realização das atividades abertas ao público propostas, o grupo almoçou junto e participou de atividade com jovens da escola, do programa Escola da Família. “Meu avô é de Paraty, mas eu nunca havia ouvido fandango, apenas ouvi falar dos bailes de antigamente”, comentou Alex, ex-aluno do Judoca. Os alunos e ex-alunos puderam ver os instrumentos, conversar sobre ancestralidade, ouvir o fandango e até fazer um funk, acompanhados de viola caiçara sobre o tema. Isso sim é intercambiar. O grêmio realizará um jornal mural com as matérias produzidas. Ilha Diana Na comunidade da Ilha Diana, bairro em Santos que abriga muitas pessoas de origem do Vale do Ribeira, houve uma roda de conversa sobre identidade, cultura caiçara e sobre o fandango, com apresentação dos instrumentos utilizados para tocada e ainda um café especial feito pelas mulheres do bairro, com croquetes de camarão, suco de frutas locais e bolos. Ao chegar na Ilha Diana os fandangueiros do grupo Manema, de Peruíbe, ficaram impressionados com o número de moradores do Vale do Ribeira e a identidade da cultura da Ilha Diana com a região. “Agora entendo porque viemos para cá”, afirmou o Buda, tocador de adufo, ao conhecer o Seu Adriano, “prefeito” da Ilha Diana. Diversos participantes usaram a palavra para falar sobre demandas da cultura caiçara e das populações, como a professora Mônica Viana, da UniSantos – Universidade Católica de Santos, que contou sobre o trabalho do Observa BS, realizado em conjunto com a comunidade, para garantir o direito das famílias ao território em que vivem. Também a dona Terezinha, moradora do bairro, contou sobre as dificuldades enfrentadas para manutenção da cultura e atendimento das necessidades básicas dos moradores locais. Patrícia Santos contou sobre o trabalho da ONG Vida Caiçara, que realiza um trabalho de turismo de base comunitária com mulheres e jovens da comunidade. Em Caruara aconteceu o Baile de Fandango na Sede Esportiva do bairro. Toda a decoração e comidinhas deliciosas foram preparadas pelas mulheres da Associação de Mulheres pelo Desenvolvimento Sustentável da Área Continental de Santos (MUDECOM), que faz parte do TBC Caruara, grupo que realiza o turismo de base comunitária no bairro, que tem como ponto forte a gastronomia. No menu, degustação de pastéis de taioba, bolinhos de taioba e salada quilombola – feita com o coração da bananeira. Além disso, doces caiçaras, balas, licores e caldo verde com taioba foram vendidos e aprovados por quem experimentou. Levando o fandango o grupo Manema, com a participação dos fandangueiros de Cananéia. O músico Rodolfo Vidal, que realiza um projeto de mapeamento da viola caiçara, trouxe ainda a degustação dos Defumados Caiçaras – tainha e bagre defumados de Cananéia. Na mala da comitiva de Cananéia artesanato e garrafadas de cataia preparadas por Amir Oliveira e Zé Marques. Sensação da atividade, o aniversariante da noite, Seu Jorge, teve bolo e parabéns ao som da viola iguapeana, enquanto o baile comia solto. Para o TBC Caruara a atividade abre um novo leque, aproximando as pessoas que participam do projeto – muitas de Ubatuba e Paraty – de outras comunidades que mantêm saberes e fazeres caiçaras, possibilitando a troca de conhecimento e apoio mútuo. Como afirma Lygia Maria Mesquita, moradora do bairro há 32 anos. “Para o TBC é importante, pois é o resgate da cultura caiçara e trazendo, ao mesmo tempo, o turista para o bairro. Acho que é muito positivo e abre caminhos importantes como opção de trabalho. Tanto o TBC como a MUDECOM estão abrindo esse espaço e agora encontram apoio neste Pixerum”.
Um novo Pixerum: A atividade realizada só foi possível por conta da ajuda de patrocinadores como o Instituto Procomum, a Nita e o apoio de empresas e instituições como a GG Publicidade (Ilhabela – artes e identidade visual), Dazói Brindes Personalizados (cartazes), Caiçara Expedições (apoio institucional e de divulgação), Parceiros do Turismo (apoio na produção e execução), TBC Caruara (MUDECOM – gastronomia, decoração e feira de artesanato), Defumado Caiçara (Cananéia), Prefeitura de Santos (local e transporte), Prefeitura de Peruíbe e a Comissão Especial de Estudos da Cultura Caiçara e Indígena da Câmara de Peruíbe (transporte), Projeto Luzes da Vila (participação nas atividades). Para realizações de novas edições ainda buscamos parceiros que desejam patrocinar esta iniciativa, enquanto buscamos recursos através de editais e lei de incentivo. Quer fazer parte deste Pixerum? Entre em contato com a gente através do telefone (13) 99152-6970 (Catharina Apolinário).

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