domingo, 31 de agosto de 2014

Projeto de Empreendedorismo Comunitário realiza intercâmbio para a cidade de Eldorado

Representantes da Associação Rede Cananéia e do Projeto Empreendedorismo Comunitário, patrocinado pela Petrobras, realizou um intercâmbio, 16 pessoas, para a sétima edição da Feira de Troca de Sementes e Mudas Tradicionais dos Quilombos do Vale do Ribeira, evento anual que faz parte do calendário da região, nos dias 22 e 23 de agosto, com o objetivo de oportunizar a troca de saberes e experiências, bem como fomentar a discussão sobre soberania alimentar, cultura e geração de renda. A ação é o resultado de um esforço coletivo das associações quilombolas e seus parceiros, o objetivo da feira é fortalecer as roças tradicionais e a importância do sistema agrícola quilombola para a soberania alimentar, sua cultura e a geração de renda complementar. Os participantes do intercâmbio participaram do Seminário “Sementes: soberania alimentar, cultura e geração de renda”, que contou com Oficinas de rodas de discussão temáticas sobre Gastronomia Quilombola; Armazenamento das sementes e o papel dos guardiões; Juventude e agricultura e Políticas públicas de aquisição de sementes, mudas e alimentos; com posterior apresentação dos resultados e plenária, no dia 22, sexta-feira, das 7h30 às 19h, no Salão Paroquial de Eldorado. Já no sábado, dia 23, foi realizada a VII Feira de Troca de Sementes e Mudas Tradicionais dos Quilombos do Vale do Ribeira e V Feira Estadual de Troca de Sementes, das 08h às 13h, na Praça Nossa Senhora da Guia, onde os Produtos em Rede, frente de comercialização dos produtos e serviços dos grupos e organizações membro da Rede Cananéia, participaram com um estande; sendo que no local também houve atrações culturais. Segundo Gisele Villar, coordenadora do intercâmbio, apesar da ação ser mais pautada nas comunidades quilombolas e ribeirinhas, e não caiçara, a vivência foi válida devido à realidade ser extremamente parecida, os assuntos tratados vinham de encontro com as demandas que os grupos da Rede encontram em seu cotidiano. A ação foi organizada pelo GT Roça, grupo que reúne as associações quilombolas, o Instituto Socioambiental, Itesp - Instituto de Terras do Estado de São Paulo, a Eaacone - Equipe de Articulação e Assessoria às Comunidades Negras do Vale do Ribeira e a Fundação Florestal. A juventude e a agricultura
Thifanny Eryn Weissenberg
As comunidades que vivem na área rural estão encontrando dificuldades para manter sua cultura e seu estilo de vida. Os jovens cada dia mais buscam outras experiências longe de suas raízes, fazendo com que a sua cultura fique perdida no tempo. A interação entre o jovem e o mundo moderno é quase inevitável nos dias de hoje. Além das condições na área rural estarem diminuindo gradativamente (tanto pela industrialização ser mais produtiva, quanto pelo fato de perda territorial), para o jovem há mais condições de crescer, novas fontes de conhecimento, mais lazer e uma variedade de trabalhos nas cidades grandes. A falta de reconhecimento dos agricultores familiares é praticamente nula em uma sociedade capitalista e que visa a alienação da massa, pois é muito mais lucrativo usar as terras para produzir em maior escala e fazer o produto ser comercializado do que produzi-lo para o consumo de sua família ou de sua comunidade. Não há a conscientização da importância dessas comunidades na sociedade, além de a comunicação na maioria dessas ser pouca e a educação adaptada quase nunca chegar ao campo. Para preservar a agrobiodiversidade é preciso que a juventude perpetue a agricultura nas próximas gerações, não deixando a sua cultura ser extinta. A conexão do campo e das cidades precisa ser feita de forma com que os produtos sejam comercializados sem perder a qualidade e sem que a origem deles seja esquecida. Pois sem terra não há vida.

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